18.6.22

Encenação: Vidas Secas - Graciliano Ramos


Vidas Secas é um profundo retrato da sociedade brasileira, sobretudo de seus problemas sociais. Dessa forma, Graciliano traça uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles tem de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.

‘Vidas Secas’ – Resumo da obra de Graciliano Ramos
Resumo da história, personagens e biografia de Graciliano Ramos 


“Vidas Secas“, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. 
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.

Resumo

O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, “Mudança”, e o último, “Fuga”, devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. “Mudança” narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em “Fuga” os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente. 

Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no. 

Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiou para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro suporta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que, por fim acaba, insultando a mãe do soldado e sendo preso. Na cadeia, pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar. 

Sinhá Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir. 

Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos.  O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra “inferno” de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia. 










Biografia


Filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos, Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no município alagoano de Quebrângulo, dia 27 de outubro de 1892. Família de classe média, Graciliano era o primogênito de 16 filhos.

Viveu em diversas cidades do nordeste brasileiro: Viçosa (AL), Palmeira dos Índios (AL), Maceió (AL) e Buíque (PE).

Teve uma infância difícil assinalada por dificuldades na relação com seus pais, bastante rígidos e frios.

Estudou no Internato em Viçosa e, em 1904, publicou no jornal da escola “O Dilúculo” sua primeira obra: o conto “O Pequeno Pedinte”.

No ano seguinte, passou a viver em Maceió onde se matricula no Colégio Interno Quinze de Março. Ali, ele estabelece uma relação de identificação com a língua e a literatura.

Quando terminou o segundo grau, em 1914, seguiu para o Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa ele trabalhou como revisor dos jornais “Correio da Manhã”, “O Século” e “A Tarde”.

No ano seguinte, casou-se com Maria Augusta Barros que faleceu pouco tempo depois. Com ela, teve quatro filhos.

Também atuou na carreira política, sendo eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, em 1928, cargo que ocupou até 1930.

A partir de 1930 assume a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado em Maceió. Em 1936, casou-se com Heloísa Leite de Medeiros, com quem teve quatro filhos: Ricardo, Roberto, Clara e Luísa.

Foi filiado ao partido comunista sendo preso sob acusação. Apesar de possuir uma personalidade muita ácida, o próprio escritor ressaltou:

“Em qualquer lugar, estou bem. Dei-me bem na cadeia. Tenho até saudades da Colônia Correcional. Deixei lá bons amigos.”

Graciliano faleceu no Rio de Janeiro, dia 20 de março de 1953, vítima de câncer no pulmão.
Obras

Graciliano escreveu romances, contos, crônicas, literatura infanto-juvenil e segundo ele:

“Qualquer romance é social. Mesmo a literatura ‘torre de marfim’ é trabalho social, porque só o fato de procurar afastar os outros problemas é luta social”.

Algumas obras que se destacaram:Caetés (1933)
Vidas Secas (1938)
São Bernardo (1934)
Angústia (1936)
A Terra dos Meninos Pelados (1939)
Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
Histórias de Alexandre (1944)
Infância (1945)
Histórias incompletas (1946)
Insônia (1947)

Algumas de suas obras que foram publicadas postumamente:Memórias do Cárcere (1953)
Viagem (1954)
Linhas Tortas (1962)
Viventes das Alagoas (1962)
Alexandre e outros Heróis (1962)
Cartas (1980)
O Estribo de Prata (1984)
Cartas a Heloísa (1992)
Vidas Secas

Publicado em 1938, o romance documental “Vidas Secas” é sua obra mais emblemática. Nele, Graciliano retrata a vida de uma família de retirantes com sua cachorra e papagaio

Nesse romance, o escritor traça a figura do sertanejo, explorando temas como a miséria e a seca do nordeste.
Veja também: Romance de 30
Frases de Graciliano“Nunca pude sair de mim mesmo. Só posso escrever o que sou. E, se as personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só.”
“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer.”
“Quem escreve deve ter todo o cuidado para a coisa não sair molhada. Da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal.”
“Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões.”
“Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali pessoas, exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição.”
“Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição.”
“Ateu! Não é verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois derrubo. Uma estrela no céu, algumas mulheres na terra.”
CuriosidadesGraciliano não chegou a fazer nenhum curso superior.
Algumas de suas obras forma adaptadas para cinema, tal qual Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere.
Na publicação de sua obra “Angústia” (1936), Graciliano estava encarcerado, de forma que o original foi entregue por Heloísa, sua esposa, à editora José Olympio responsável pela publicação.

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