Folclore é um conjunto de mitos, crenças, histórias populares, lendas, tradições e costumes que são transmitidos de geração em geração e integram a cultura popular. As manifestações folclóricas ajudam a ler a história e caracterizam a cultura de um povo.
ANTIGUIDADES
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Mistérios da Meia- Noite
Mistérios da Meia-Noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão se ficam
Quem vai quem foi...
Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada se apaixonou...
Naquele mesmo tempo
No mesmo povoado se entregou
Ao seu amor porque?
Não quis ficar como os beatos
Nem mesmo entre Deus
Ou o capeta
Que viveu na feira...
Mistérios da Meia-Noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão se ficam
Quem vai quem foi...
Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada, seu professor...
Naquele mesmo tempo
No mesmo povoado se entregou
Ao seu amor porque?
Não quis ficar como os beatos
Nem mesmo entre Deus
Ou o capeta
Que viveu na feira...
Mistérios da Meia-Noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão se ficam
Quem vai quem foi...
Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada, seu professor...
Naquele mesmo tempo
No mesmo povoado se entregou
Ao seu amor porque?
Não quis ficar como os beatos
Nem mesmo entre Deus
Ou o capeta
Que viveu na feira...
Mistérios da Meia-Noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão se ficam
Quem vai quem foi...
Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada, seu professor...
Do folclore para as telas:
um olhar sobre o mito do lobisomem através da telenovela brasileira
Roque Santeiro
André Bozzetto Junior
Exibida pela Rede Globo entre os anos de 1985 e 1986 depois de ter sua produção e exibição barrada pela censura do governo militar em 1975, a novela Roque Santeiro - apontada pelos estudiosos e entusiastas do tema como sendo um marco na teledramaturgia brasileira e uma recordista de audiência - constitui-se também no principal foco de análise de nossa pesquisa em função de incluir em sua trama nada menos do que dois lobisomens, ainda que apenas um deles fosse verdadeiro e o outro não passasse de um impostor.
Elaborado por Dias Gomes e co-escrito por Aguinaldo Silva com base em uma peça teatral e no livro de nome O Berço do Herói, de autoria do primeiro, o enredo principal da novela se desenvolve na cidade fictícia de Asa Branca, onde um santeiro chamado Luís Roque Duarte (José Wilker) foi supostamente morto ao tentar defender a igreja local do ataque de bandidos saqueadores. Dezessete anos depois do incidente, a cidade vive do turismo religioso movido pela figura de Roque Santeiro, venerado pela população como um misto de mártir e santo milagreiro. Porém, o suposto herói falecido reaparece vivo e disposto a acabar com o sossego de todos aqueles que vivem e se beneficiam da farsa, como o figurão local Sinhozinho Malta (Lima Duarte), a falsa viúva Porcina (Regina Duarte), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) e o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus), entre outros.
Um dos mais excêntricos habitantes de Asa Branca é o Professor Astromar Junqueira (Ruy Rezende), um intelectual de aparência esquisita que é apaixonado por Dona Mocinha (Lucinha Lins), moça que foi noiva de Roque Santeiro e fez um juramento de manter-se casta para sempre em honra ao noivo supostamente falecido. Sobre o Professor recaem as suspeitas de grande parte da população, que desconfia que ele seja, na verdade, um lobisomem. Estas suspeitas aumentam consideravelmente a partir do momento em que Ninon (Cláudia Raia) - uma dançarina da boate Sexu’s - passa a ser perseguida por uma misteriosa criatura que a espreita pelas nebulosas madrugadas de Asa Branca. Porém, em dado momento da novela, a moça descobre que quem a persegue é na realidade o Delegado Feijó (Maurício do Valle), que passou a se disfarçar de monstro com o intuito de seduzir a dançarina após ela ter admitido publicamente que se sentia atraída pela figura do lobisomem. Depois de ter ficado inicialmente furiosa, Ninon acabou perdoando o Delegado, que aposentou a fantasia de monstro.
Paralelamente, na mesma medida em que o Professor Astromar passa a ser rechaçado de forma mais acintosa por Dona Mocinha e vê suas frustrações sexuais se intensificarem, os ataques do verdadeiro lobisomem se tornam mais agressivos e acabam se estendendo à Marilda (Elizângela) e até mesmo à própria Dona Mocinha. No último capítulo da novela é feita a revelação daquilo que já se suspeitava: o monstro que espalhava o pavor nas noites de Asa Branca era mesmo o Professor Astromar.
Tendo em vista este resumo do enredo, percebemos inicialmente que os autores da novela estabelecem um claro paralelo simbólico entre a figura do lobisomem e o desejo sexual, da mesma forma que foi feito na literatura por Angela Carter (2000) em vários de seus contos e que têm suas origens no folclore oral camponês da Europa Medieval, tendo sido inclusive compilado na forma de conto infantil por Charles Perrault, em sua clássica versão de Chapeuzinho Vermelho.
A ironia situacional, nos moldes expostos por Muecke (1995) também permanece presente como possibilidade interpretativa, uma vez que evidencia o desacordo entre aparência e realidade, tanto no que se refere ao Delegado Feijó (o representante da Lei, que deveria zelar pela segurança e integridade de todos, mas que se disfarça de monstro com o intuito de abusar sexualmente de uma moça), quanto ao Professor Astromar (o homem educado e cordial durante o dia que se transforma em uma criatura ameaçadora e agressiva durante a noite).
Tendo por base a concepção de Kierkegaard de que “no aspecto teórico a ironia estabelece um desacordo entre idéia e realidade, e no aspecto prático entre possibilidade e realidade” (2006, p. 247), podemos utilizar o Professor Astromar como um novo exemplo do paradoxo existencial típico do lobisomem, uma vez que ele desejava ser um homem normal para vivenciar de forma plena um romance com Dona Mocinha, mas na verdade é um licantropo e, ao ser sistematicamente rejeitado pela mulher que ama, acaba por atacá-la.
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"Lobisomem é uma criatura folclórica que está presente no folclore brasileiro, embora seu surgimento remeta à Europa. É conhecido por ser um homem que se transforma em lobo em noites de lua cheia e sai em busca de vítimas para poder alimentar-se do sangue delas, ou simplesmente matá-las. Essa lenda é conhecida mundialmente, e aqui no Brasil existem inúmeras variações regionais dela."
"Tópicos deste artigo
1 - A lenda do lobisomem
2 - De onde surgiu o lobisomem
3 - Influência portuguesa na lenda do lobisomem
4 - Lobisomem no Brasil
A lenda do lobisomem
A lenda do lobisomem é conhecida praticamente no mundo todo. Ela o define como um ser, parte homem, parte lobo, que foi amaldiçoado com a licantropia (ato de transformar-se em lobo). Aquele que é amaldiçoado, transforma-se no lobisomem nas noites de lua cheia. Algumas variações da lenda falam que a licantropia foi resultado de um pacto de um homem com o diabo.
Uma vez transformado em lobisomem, a pessoa parte freneticamente à procura de vítimas para matá-las. A cultura popular moderna alastrou a ideia de que o lobisomem é vulnerável somente à bala de prata ou a objetos cortantes feitos também de prata. Assim, a única forma de matá-lo seria por meio de objetos feitos desse metal.
A cultura popular moderna também espalhou que a maldição do lobisomem pode ser transmitida hereditariamente, isto é, de pai para filho, e que aqueles que são mordidos por ele, e sobrevivem, transformam-se também em lobisomens pouco tempo depois."
"De onde surgiu o lobisomem
A lenda do lobisomem surgiu na Europa, e os relatos mais antigos existentes sobre esse ser levaram os estudiosos a concluirem que sua origem está na Grécia Antiga. Existem diferentes versões na tradição grega, mas um dos relatos fala de um rei chamado Licaon, que reinou em uma região chamada Arcádia e foi punido por Zeus, após tentar matá-lo.
Isso aconteceu porque Licaon era conhecido por realizar o sacrifício de humanos viajantes que visitavam seus domínios. Zeus, então, disfarçou-se de viajante, dirigiu-se à Arcádia e foi recebido por Licaon em um jantar (esse planejava matá-lo em seguida). O rei da Arcádia ofereceu carne humana para Zeus, que, enfurecido, puniu-o transformando-o em lobo para sempre.
A origem grega do lobisomem inclusive deu nome à lenda, pois esse ser também é conhecido como licantropo, tendo lykos o significando lobo, e anthropos, de homem (em tradução livre). Por fim, existem alguns estudos que apontam que o lobo era um animal que recebia culto na Antiguidade, e esse culto (e a lenda) acabou sendo transmitido para Roma.
Em Roma, além de ter existido um culto ao lobo por meio de uma festa chamada lupercália, a festa dos lobos, existia também a história de um homem que se transformava em lobo, e lá esse era chamado de versipélio. Como os romanos conquistaram uma quantidade vasta de territórios, a crença no homem que se transforma em lobo espalhou-se, principalmente pela Europa.
A expansão da lenda fez com que ela tomasse novas características, e em cada local acabou ficando conhecida por nomes diferentes. Em locais cristianizados, esse ser tornou-se um pecador amaldiçoado, que tinha na maldição do lobisomem uma espécie de penitência, até ser perdoado dos seus pecados.
Se na Grécia ficou conhecido como licantropo, e em Roma, como versipélio, em outros locais da Europa, recebeu os seguintes nomes: loup-garou, na França; werwolf, entre os saxões, oboroten, para os russos; lobisomem, na Península Ibérica etc. Até mesmo na África e na Ásia, a lenda do lobisomem ficou conhecida, embora possua características diferentes nesses continentes.
Influência portuguesa na lenda do lobisomem
Naturalmente, a lenda do lobisomem chegou ao Brasil por meio dos portugueses, durante o período em que esses colonizavam o Brasil. Em nosso país, a lenda chegou e assumiu diferentes características em cada região.
Em Portugal, acreditava-se que o lobisomem era um homem muito magro, com orelhas compridas e nariz avantajado. Falava-se que ele poderia ser um homem amaldiçoado por ser predestinado à maldição, bem como esta poderia ser uma penitência de pecados cometidos.
Havia também uma relação da lenda com o aspecto moral, pois acreditava-se que o filho nascido de um incesto seria um lobisomem. No caso da predestinação, acreditava-se que o primeiro filho homem nascido depois do nascimento de sete filhas seria um lobisomem. Uma vez transformado nisso, o ser partiria à procura de cemitérios e de pessoas para alimentar-se.
Em Portugal, o lobisomem também poderia ser conhecido como corredor ou tardo, e lá chegavam a acreditar que mulheres também poderiam transformar-se nesse ser, sendo chamadas de peeira ou lobeiras, conforme levantou o folclorista Luís da Câmara Cascudo.|1|
Acesse também: A lenda que diz sobre o curupira, um protetor da floresta
Lobisomem no Brasil
A licantropia, na lenda, pode ser resultado de uma maldição, de um pacto com o diabo, de incesto ou mesmo da predestinação.
Aqui no Brasil, como mencionamos, a lenda do lobisomem chegou por meio dos portugueses, e alguns estudos realizados concluíram que não existia uma lenda desse tipo entre os povos indígenas. O mais próximo disso eram lendas que acreditavam que homens ou mulheres poderiam transformar-se em alguns animais da floresta.
Essa lenda no folclore brasileiro acabou adquirindo elementos presentes na sua versão portuguesa. Assim, era comum acreditar que o lobisomem era o homem nascido depois que a mãe tivesse sete filhas, embora versões da lenda falem que se nascessem sete filhos homens, o oitavo filho também seria um lobisomem.
No Norte do Brasil, a lobisomem era o homem que tinha a saúde debilitada, e aquele que fosse anêmico acabaria transformando-se nele. Uma vez transformado, alimenta-se do sangue de outros humanos para compensar a pobre dieta como um deles. A transformação acontecia nas noites de quinta-feira para sexta-feira.
No Sul, por sua vez, o fato que transformava o homem em lobisomem era o incesto. No Brasil, não houve registro no folclore da crença na transformação de mulheres em lobisomens. Em nosso folclore, somente os homens tornam-se lobisomens.
Outra crença relacionada ao lobisomem no Brasil é que, no interior do São Paulo, acreditava-se que esse ser tentava invadir as casas para comer as crianças. Muitos acreditavam que o lobisomem ia atrás, especialmente, de crianças não batizadas.
O que as lendas falavam sobre a cura do lobisomem? Em geral, acreditava-se que esse ser poderia ser curado se fosse ferido gravemente com determinados objetos. Um desses objetos era uma bala banhada com cera de vela de um altar, em que tivesse sido celebrado três missas do galo ou três missas de domingo.
|1| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012, p. 157.
Por Daniel Neves
Graduado em História"
Veja mais em: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/lobisomem.htm
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