O umbuzeiro, a grande árvore sagrada do sertão. “O umbuzeiro tem uma grande importância para nós trabalhadores/as nordestinos/as, pois é uma árvore símbolo de resistência e sabedoria. Ao passar um longo período de estiagem suas folhas caem e tornam-se cinzas, porém ainda viva.
Documentário com depoimentos dos catadores de Umbus
Umbuzeiro
Umbu, umbuzeiro, “árvore sagrada do sertão”
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Ubu, imagem Correio 24
Por Sylvia Wachsner, coordenadora CI Orgânicos
Teu nome “ymbu”, de origem tupi-guarani, ou “árvore sagrada do sertão”, como te chamou Euclides da Cunha em “Os Sertões”. Árvore centenária, com tuas folhas que desaparecem nos períodos de seca, mas que voltam a renascer ao cair das primeiras chuvas.
Marcas o tempo. O perfume que emanas de tuas flores brancas é o néctar que delicia as abelhas. Tuas raízes armazenam água nos longos períodos de seca. Tua copa, um triângulo arredondado, é albergue de sol e chuva do sertanejo. Assim sobrevives, ano após ano, adaptada ao sertão.
Umbu-cajá, cajarana, seriguela, umbuguela que carregas o umbu, ymbu, adaptado à flora sertaneja. Teus frutos do gênero Spondias, de inconfundível sabor agridoce, são coletados da natureza pelo vaqueiro, extrativista, agricultor familiar, agroecológico, que os transforma em geleias, doces, sorvetes, compotas e sucos.
Tua cultura de fácil manejo agrícola é o sustento de muitas famílias sertanejas. Ymbu, árvore que dá de beber, és o símbolo da Bahia. Tua figura de seis metros de altura é visível na Caatinga brasileira. Sobrevives muitas vezes rodeada de mulheres, que uma vez por ano colhem tuas “cerejas”, com peso médio em torno de 18 gramas ou grandes como melões.
Adaptada aos longos períodos de seca do semiárido, alimentas as famílias, fortaleces a economia solidária, o cooperativismo, mantendo muitos jovens que trabalham no processamento.
As polpas de tuas frutas, cujo pico de safra dura de janeiro a março, são processadas na época da colheita e podem ser armazenadas para consumo ao longo do ano. Tuas folhas e tua fruta alimentam, também, os animais que acompanham o sertanejo.
Tua fruta é transformada em cerveja artesanal, no município do Uauá, na Bahia, pela cooperativa Coopercuc. A Gravetero é 100% umbu, seduz os provadores “e não se consegue beber mais outra”, ponderam os catadores.
Polpas, doces, geleias, com seus típicos sabores regionais, são exemplos de como o umbu está sendo introduzido na gastronomia brasileira.
Criada em 2004, a Coopercuc, formada por quase 300 cooperados, em sua maioria mulheres, exporta sua produção ecologicamente correta, orgânica, economicamente justa e viável, e te leva, o ymbu, árvore sagrada do sertão, até as Europas, mas também te apresenta na merenda escolar dos filhos da Caatinga.
Referencias sobre o umbu:
https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/10455565/umbu-e-outras-frutas-nativas-sao-boas-opcoes-para-agricultura-familiar
Edição do dia 11/03/2017
11/03/2017 21h19 - Atualizado em 11/03/2017 21h19
Umbuzeiro, árvore nativa do Nordeste, socorre agricultores na seca
Cooperativa de catadores que compra grande parte da produção.
Produtos do umbu fazem parte da merenda escolar na rede municipal.
É nessa época de seca, a salvação de muitas famílias no Nordeste é o umbuzeiro - árvore símbolo de resistência da caatinga.
No sertão da Bahia, homens e mulheres caminham vários quilômetros para colher os frutos.
De manhã cedo eles já estão nas trilhas da caatinga. É o dia inteiro caminhando, procurando o umbuzeiro, árvore que só tem no Nordeste.
E em tempos de seca, a árvore nativa socorre o sertanejo da roça.
“Plantamos o milho e o feijão, mas infelizmente não deu porque não tivemos a chuva, perdemos tudo”, comenta Joelma Araújo, agricultora.
No cenário de vegetação quase sem vida, sem comida, o umbuzeiro exibe fartura. Nada é mais alegre para os catadores de umbu do que encontrar o chão de um único jeito: forrado de frutas.
Muitas vezes os catadores dão sorte de encontrar umbuzeiros bem carregados. “Foi tudo tirado desse umbuzeiro. Tem uns três quilos. Parece que estou grávida”, brinca a agricultora.
É um contraste que chama a atenção. O umbuzeiro é a única árvore verde no meio da caatinga arrasada. O segredo está embaixo da terra. As raízes têm batatas que funcionam como uma caixa d’água.
A água fica dentro da batata. E como são centenas de batatas enterradas, elas vão irrigando a árvore. As pesquisas calculam que um umbuzeiro grande chega a acumular 1.500 litros de água. É por isso que ele atravessa todo o período de seca verde e dando frutos.
No fim do dia, um grupo de cinco a seis catadores volta para casa com 100 quilos de umbu. No município de Uauá, norte da Bahia, uma cooperativa criada por eles compra por R$ 1 o quilo.
Este ano, a indústria da cooperativa vai esmagar 300 toneladas de umbu. No local, a fruta vira poupa, licor, doces.
“Em torno de 70% da produção a gente vende para o mercado privado e o restante a gente vende para o mercado institucional”, diz Denise Cardoso, presidente da cooperativa.
Fonte de vitamina C e até de inspiração para os poetas nordestinos. Nesta época o umbu é a salvação.
Mas até o umbuzeiro está sofrendo com a seca extrema. Segundo um estudo da Embrapa, em algumas regiões do Nordeste, como no sertão pernambucano, de cada quatro umbuzeiros, apenas um consegue sobreviver.
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